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Anos se passaram e ainda hoje essa conduta vem sendo levada por alguns hospitais e profissionais —e, obviamente, realizadas pelos pacientes que observam em si apenas a necessidade da realização da cirurgia, e vida que segue.

Infelizmente, essas práticas não são mais aconselhadas. Não podemos mais ignorar a necessidade dos preparos no período perioperatório pelo paciente, e também a importância de algumas orientações para o paciente no período pós-operatório, que fazem total diferença no resultado final, no desfecho da cirurgia plástica, que foi planejado pelo médico e idealizado pelo paciente. Dentro da terapia nutricional já é consenso a aplicação de estratégias nutricionais que melhoram o estado nutricional do paciente, preparam o organismo para o grande trauma que será causado durante uma cirurgia eletiva e melhoram também os parâmetros de resposta desse organismo para o período pós, diminuindo consideravelmente os índices de complicações, de rehospitalizações e, no caso de cirurgias plásticas, melhoram a recuperação e cicatrização desse organismo que sofreu o trauma.

Ao falar em trauma, gosto de lembrar que qualquer cirurgia levará a um trauma, seja um pequeno corte para colocação de prótese de silicone ou outras mais invasivas, como a lipoaspiração. Seja qual for a técnica e cirurgia escolhida, acontecerá uma resposta orgânica ao trauma, e ela dependerá de alguns fatores que são comuns a todas cirurgias: jejum (ou não), estresse (o ato da cirurgia sempre causa um estresse, ansiedade ou alterações de humor), o ato operatório em si e a dor, além da ação do médico.

O CBC (Colégio Brasileiro de Cirurgiões) está já implementando, dentro de suas diretrizes, e com base em entidades e projetos internacionais de grande reconhecimento, ações assertivas e que diminuem esses riscos que mencionei. E não somente o CBC, mas outras entidades brasileiras e mundiais, bem como a própria nutrição e a educação física, vêm tendo maior visibilidade e importância nessas ações, que comprovadamente melhoram o estado físico do paciente e essa resposta orgânica ao trauma. São essas ações: projeto ACERTO, um projeto incrível, completo e brasileiro, o Strong for Surgery, e PIP (Projeto Impacto Positivo), este também brasileiro e embasado nas orientações do Strong for Surgery, e PIP (Projeto Impacto Positivo), este também brasileiro e embasado nas orientações do Strong for Surgery.

Para ajudar a disseminar essa informação, bem como auxiliar os profissionais a terem esse conhecimento dos projetos e, então, ampliar na implementação dos programas em entidades públicas e privadas do Brasil, resolvi mostrar aqui alguns dos pontos mais discutidos atualmente e que podem te ajudar na conversa e consulta que antecede a cirurgia com seu médico.

 

Jejum na cirurgia eletiva

Dados apresentados em inúmeros estudos demonstram que a abreviação do jejum e abreviação da realimentação beneficiam o paciente em inúmeros pontos, seja na melhora da resposta inflamatória, seja na rápida recuperação do paciente, podendo diminuir o tempo de internação e diminuir os riscos de reinternação por complicações que podem acontecer, principalmente em pacientes desnutridos.

Paciente em desnutrição é antagônico a paciente de baixo peso, já sabe-se que a relação de peso difere de estado nutricional, e apenas com avaliação clínica, envolvendo avaliação física, antropométrica (ou protocolos incluindo bioimpedência, por exemplo), histórico clinico e hábitos, principalmente alimentares, poderemos classificar como paciente em risco, mesmo com sobrepeso. E sabemos que há um número relevante de pacientes eletivos à cirurgia plástica que não estão em bom estado nutricional, principalmente em cirurgias como a lipoaspiração em grandes regiões do corpo, que indica que o paciente tem grande acúmulo de gordura. Para tanto, apenas uma boa avaliação física poderá nortear o estado físico e também nutricional do paciente, para garantir segurança durante a operação cirúrgica e, como já mencionei, no processo de reabilitação desse paciente. E é nesse período pré e pós que conseguimos melhorar essas condições e fornecer um aumento da qualidade no resultado que o paciente tanto espera da cirurgia.

Dieta hiperproteica e exercícios físicos

A manutenção da massa muscular é de extrema importância. Segundo estes programas, um metabolismo treinado para a resposta orgânica ao trauma responde mais positivamente do que um organismo já com inflamações instaladas. No perioperatório, e como resposta a esse trauma no período pós, ocorre inerentemente uma perda de massa muscular, podendo causar desnutrição proteica, onde o corpo aumenta o processo de catabolismo muscular para melhorar a resposta ao trauma, além de aumentar o risco de resistência a insulina, aumentando a produção de glucagon e diminuindo a insulina. Por esse motivo, estimula-se também a abreviação do jejum. O indicado é acelerar a realimentação e estimular que esse paciente tenha uma alimentação hiperproteica, além de fazer exercícios físicos para a manutenção dessa massa muscular como forma de preparar esse organismo para a recuperação..

Suplementação Para reforçar algumas condutas acima citadas, alguns pacientes se beneficiam muito com a suplementação antes e depois do período cirúrgico, como a inclusão de ômega 3, arginina, proteínas em pó e nucleotideos. Cabe ressaltar: esse texto é informativo, não faça uso de suplementos ou qualquer outro ponto citado aqui de forma individual, sem o acompanhamento e orientação do profissional.

Interrupção de tabagismo e álcool Tanto o cigarro quando o álcool são prejudiciais ao organismo e o uso dessas substâncias deve ser evitado no pré e pós-operatório. Otimização do controle da glicemia do paciente É muito comum pacientes em estado 'pré-diabético' ou diabéticos descontrolados buscarem a cirurgia sem fazer o controle da glicemia. Esse controle é indispensável para a segurança do procedimento e melhora da recuperação e cicatrização, principalmente.

Você vai realizar, ou pretende realizar uma cirurgia plástica? Tenho certeza que muitos de vocês não tinham essas informações, além das informações que nos passam rotineiramente sobre jejum, esmalte nas unhas, álcool e medicamentos. Portanto, leve essas questões ao seu médico e invista em uma boa avaliação clínica e física, com acompanhamento especializado, mesmo com seu personal trainer, nutricionista, fisioterapeuta, para que o resultado que você tanto desejou seja entregue com segurança e com excelência.

Fonte: uol