Quando se fala em uma cirurgia no nariz, por exemplo, é mais do que importante que o trabalho seja bem executado, afinal, ali se lida com a respiração (algo vital para o ser humano), e com a estrutura da face (algo que se conta muito na sociedade que valoriza a beleza do outro).
Quando se trata de rinoplastia, antes de mais nada é fundamental explicar o que é procedimento. Segundo o otorrinolaringologista Edson Freitas, “é uma cirurgia realizada na estrutura nasal para melhorar a estética da pessoa ou sua respiração. O procedimento ajuda a corrigir as deformidades traumáticas ou naturais e pode também consertar as disfunções em relação a função nasal. Além disso, este tipo de cirurgia pode reduzir as estruturas osteocartilaginosas (rinoplastia de redução), ou permitem incluir enxertos deste tipo (rinoplastia de aumento)”.
Porém, o primeiro procedimento deste porte que se tem registro na história foi feito por um otorrinolaringologista, destaca Dr. Edson. Vale lembrar que “a palavra grega ‘plásticos’, que significa ‘modelar, dar forma’, dando nome à especialidade de Cirurgia Plástica, aplicou-se somente 2600 anos depois que manuscritos egípcios e hindus descreveram reconstruções de nariz, orelhas e lábios, quando usaram inclusive técnicas de retalhos e enxertos de pele”, detalha o médico.
O termo
Uma das primeiras publicações médicas a referir o termo "plástica" foi criada em 1818 em Rhinoplastik, artigo escrito pelo cirurgião alemão Von Graefe. “Embora a especialidade tenha surgido do trabalho de cirurgiões de todas as especialidades cirúrgicas, foi no segmento facial que os procedimentos começaram a identificá-la, tendo-se os médicos otorrinolaringologistas como os mais citados na convergência dos fatores que culminaram com o seu surgimento”, ressalta Dr. Edson.
Por outro lado, o médico lembra que a rinoplastia tem um histórico um tanto inusitado. “As primeiras cirurgias de nariz datam por volta dos anos 2.500 a.C. no Egito e na Índia, quando era comum que o órgão sofresse cortes severos entre inimigos. Assim, elas eram mais limitadas à reparação de danos provocados e não simplesmente por insatisfação pessoal. O procedimento como conhecemos hoje só se iniciou mesmo no século passado”, destaca o otorrino.
Antigamente havia um outro problema, salienta Dr. Edson Freitas: “As cirurgias costumavam deixar cicatrizes visíveis na pele, ou seja, o paciente precisava decidir se valia à pena corrigir suas imperfeições para trocá-las por outra”.
Cicatrizes de guerra
Porém, mesmo com a origem milenar, o médico lembra que somente após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), “a cirurgia plástica virou uma especialidade e se popularizou, o que levou ao aprimoramento da técnica como conhecemos hoje”.
Afinal, os soldados da guerra sofreram traumas e ferimentos terríveis, incentivando os médicos a criar soluções alternativas para tratar os pacientes. “A guerra de trincheira, por exemplo, causava grandes ferimentos faciais. Sir Harold Gilles, conhecido como pai da cirurgia plástica moderna, viu que as feridas deveriam ser fechadas e começou a usar tecido de outros lugares do corpo, como pele do braço e das pernas, para tratar o ferimento e também amenizar a aparência do trauma”, destaca Dr. Edson.
Já no meio hospitalar, a história refere a um hospital militar de Washington a criação de Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, tendo como cirurgiões equipes formadas por oftalmologistas e otorrinolaringologistas.
“Como estava afeito a esses especialistas no tratamento dos lesionados de guerra, autoridades militares designaram o respectivo diretor como Chefe do Departamento de ‘Cirurgia Plástica’, fato que contribuiu para a designação de uma nova especialidade”, lembra o médico.
Diante disso, um detalhe interessante: “A mais significativa participação dos otorrinolaringologistas no surgimento da Cirurgia Plástica foi dada por Gillies, otorrinolaringologista neozelandês, que inclusive escreveu em 1920 ‘Cirurgia Plástica da Face’, cuja obra o distingue como o ‘pai da moderna Cirurgia Plástica’”, recorda o especialista.
Somente alguns anos depois, em 1964, que “os Estados Unidos se desenvolveram como área de atuação e identidade própria a Cirurgia Plástica e Reconstrutora da Face, ensejando o surgimento em 1964 da American Academy of Facial Plastic and Reconstructive Surgery”, completa Dr. Edson.
De lá para cá, a cirurgia plástica se popularizou por todo o mundo. Para se ter ideia, usando como referência os dados mais recentes, que são de 2018, o Brasil é o campeão mundial de procedimentos estéticos.
Informações da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS, na sigla em inglês), contam que naquele ano o Brasil realizou 1.498.327 cirurgias, superando Estados Unidos, Alemanha e Itália.
fonte: Aventuras na História