Corrigir imperfeições do corpo com cirurgias plásticas pode custar mais caro do que o previsto. A recente morte da influencer Liliane Amorim, 26 anos, no domingo (24/1), após uma lipoaspiração, reacendeu o debate sobre os limites da busca pelo corpo perfeito. Ainda mais no Brasil, país com maior número de procedimentos estéticos cirúrgicos do mundo.
Segundo levantamento do (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, com base nos balanços da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (Isaps), desde 2010, em média, 217.481 brasileiros se submetem a lipoaspiração a cada 365 dias. Quase 596 a cada 24 horas. Se considerarmos todos os procedimentos estéticos, esse tipo de intervenção fica em segundo lugar no ranking, desbancado apenas pela colocação de prótese de mama.
Também conhecida como lipoescultura, a técnica se baseia na retirada do acúmulo de gordura em várias regiões do corpo. E, como qualquer outra cirurgia, apresenta riscos para o paciente. Estudos reconhecidos internacionalmente apontam que a taxa de mortalidade para lipoaspiração é de 19 mortes para cada 100 mil cirurgias realizadas.
Liliane faz parte dessa triste estatística. Junto a ela, muitas outras pelo Brasil afora. Há pouco mais de um mês, a ex-passista Erika Cristina Santos Pereira, de 41 anos, também perdeu a vida depois de ter passado por uma lipo. Assim como ela, a jornalista Eloisa Leandro, de 41 anos, morreu após ter sofrido uma parada cardíaca ao se submeter ao mesmo tipo de cirurgia.
“Por que estamos perdendo mais uma pessoa para a indústria da beleza?”, questionou Alexandra Gurgel, fundadora do Movimento Corpo Livre, em vídeo publicado no Instagram. “A barriga tanquinho que você tanto almeja vai mudar a sua vida? É preciso refletir quem estamos seguindo. Estamos em uma sociedade em que somos influenciadas a fazer lipo, a mudar o nosso corpo. Se apegue à vida, antes de tudo. Barriga tanquinho, cintura fina, nada disso vai salvar o mundo, nada disso vai abrir a chave da felicidade”, continuou.
O lado obscuro da beleza
Um grupo no Facebook chamado Vítimas de Cirurgia Plástica reúne pouco mais de 3,5 mil mulheres brasileiras. Na linha do tempo, um recado publicado no fim do ano passado chama a atenção: “Fiquem atentas. Não deixem que a ansiedade destrua seus sonhos. Pesquisem bem, pensem bem e façam tudo com muita calma”, escreveu a pessoa que administra o grupo.
Entre as conversas, há desabafos, reclamações, pedidos de ajuda e histórias de superação. “Minha mastopexia deu muito errado. O médico está dando assistência, mas é muito difícil passar duas vezes pelo mesmo procedimento e ainda não gostar do reflexo no espelho”, desabafou uma mulher, que prefere não ser identificada.
Ainda assim, em um grupo de vítimas, existe muita gente em busca de indicações. Nomes de médicos e clínicas pipocam na linha do tempo. “Me indiquem um bom cirurgião no Rio de Janeiro, por favor”, escreveu uma mulher. “Vocês me indicariam algum que atenda pelo plano da Unimed?”, escreveu outra.
fonte: Metrópoles, escrita por Rafaela Lima