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á ligou a câmera para uma reunião e não gostou nada do que viu? Saiba que você não está sozinha. Mais que o incômodo com o cachorro do vizinho latindo ou com o filho que não para de fazer bagunça, o aumento de encontros on-line fez com que muita gente começasse a notar defeitos no rosto que, antes, passavam despercebidos.

As rinoplastias, por exemplo, cresceram quase 5.000% após o início da pandemia de coronavírus. O fenômeno recente ganhou o nome de “efeito Zoom”, fazendo menção ao aplicativo de conversa. A procura por harmonização facial, por exemplo, aumentou 250% nos últimos três meses no Google. Também subiu 80% o interesse por botox no rosto, no mesmo período.

Para o cirurgião plástico Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, fatores como o cansaço mental e a ansiedade foram importantes para a consolidação desse novo comportamento. Descontentes com o que via, tanto por ângulos ruins quanto por uma iluminação desfavorável, há quem tenha recorrido a injeções e bisturis.

Por estar em casa, onde é possível fazer repouso e, em paralelo, tocar as atividades profissionais, houve uma corrida às clínicas de estética e consultórios dermatológicos, além, é claro, da sala de cirurgia. Em muitos tratamentos, o paciente volta às atividades uma hora depois do procedimento.

“Um dos destaques continua sendo a rinoplastia. No auge da pandemia, ela apresentou aumento vertiginoso. Os hospitais seguem um protocolo muito rigoroso para evitar o contágio por Covid-19, inclusive testando os pacientes e a equipe responsável pela cirurgia”, defende o médico.

Comportamento global
A realidade não é exclusiva do Brasil, país onde foram realizadas mais de 1,4 milhão de plásticas em 2019, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS). Nos Estados Unidos, por exemplo, o boom também aconteceu. “A demanda está definitivamente maior do que esperávamos”, contou Lynn Jeffers, presidente da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos, ao New York Times.

No Reino Unido, a cena se repete. “Fomos inundados com perguntas que diziam: ‘Percebi que minha linha de expressão é terrível, que meus lábios precisam de cuidados ou meu nariz está torto’”, revelou Ashton Collins, diretor da Save Face, site aprovado pelo governo e que tem um banco de dados de cirurgiões plásticos. Desde março, o endereço teve um aumento de 40%, segundo ele explicou à BBC. A maior parte das pessoas estava à procura desse tipo de plásticas como preenchimento labial, liftings e harmonizações.

É preciso cuidado, porém, para não cair nas armadilhas da disformia corporal, que faz a pessoa querer se parecer com o que vê usando filtros no Instagram.

Cuidados
Apesar de parecer vantajoso, é preciso destacar que muitos médicos desaconselham a realização de cirurgias plásticas durante o surto de Covid-19. Isso porque, caso haja alguma emergência, o paciente poderá sobrecarregar o sistema de saúde, que ainda sente – e sofre – os efeitos da pandemia.

Em entrevista ao site Vice, a enfermeira Cari Stover alegou que não recomenda esse tipo de procedimento no momento. “A maior complicação é apenas estar fora de casa ou em um consultório médico e se tornar um vetor de doença”, avaliou. Além do mais, muitos profissionais da área de beleza têm se voluntariado para cuidar de pacientes infectados com a Covid-19.

fonte: Metrópoles, escrita por Rebeca Oliveira