Nem precisamos falar que 2020 mudou a forma com que enxergamos o mundo e, um dos campos mais afetados, com certeza foi a indústria da beleza. Por mais que o lockdown tenha afetado mundialmente os serviços, na indústria estética enxergamos um aumento exponencial de procedimentos, como preenchimentos com ácido hialurônico a rinoplastias. Mas, o que esperar para 2021? Recrutamos quatro cirurgiões plásticos e dermatologistas para nos contar quais são os procedimentos mais solicitados em consultório e o que esperar desse ano.
Estresse como ponto de virada
A gente ouviu falar (e muito) na palavra autocuidado em 2020, mas nem todo mundo conseguiu tirar um tempo extra para além das calls e do homeoffice para cuidar de si. "Por mais que gostemos de pensar que todos estão em casa, dedicando-se ao autocuidado, cuidando muito bem da pele e se alimentando bem, fazendo mais exercícios, isso não é verdade. O fato é que as pessoas estão exaustas”, fala o dermatologista americano Paul Jarrod Frank. "Não importa quem você seja, tem sido um momento muito estressante para todos."
Essas mudanças repentinas, inesperadas - e na maioria das vezes indesejáveis - em nossos corpos e pele estão estimulando uma demanda maior do que o normal por procedimentos e tratamentos, pois as pessoas "estão procurando, cada vez mais, fazer coisas para rejuvenescer," explica Frank, acrescentando que alguns procedimentos têm sido mais populares do que outros, mas o aumento de seu trabalho tem sido inegável.
O cirurgião plástico David Sieber concorda, dizendo que está "vendo os mesmos pedidos, mas muito mais do que antes visto", junto com um novo senso de urgência entre aqueles que puderam trabalhar em casa para aproveitar esse status. "Além do grande aumento, muitas pessoas estão ligando e dizendo: 'Quero finalizar isso o mais rápido possível porque não sei quando terei que voltar ao trabalho fisicamente.'"
Aproveitando o tempo livre
Trabalhar de casa tem sido um dos maiores impulsionadores do aumento da demanda por cirurgia plástica, de acordo com o dermatologista Sameer Bashey. Para ele, as pessoas estão aproveitando o tempo de ócio que existe, já que não precisamos (e nem podemos) ir aos lugares para realizar procedimentos mais intensos. “Lasers mais fortes ou procedimentos de peeling químico estão fazendo sucesso, já que possuem um tempo de recuperação maior.”
Essa tendência também se reflete na cirurgia plástica, já que os pacientes podem usar roupas de compressão em casa de forma livre e discreta e simplesmente desligar o vídeo nas chamadas via Zoom, diz David. "Em vez de precisar tirar duas semanas de folga do trabalho, elas podem tirar três dias de folga porque não estão dirigindo para o escritório e sentando às suas mesas de trabalho," diz ele. "Elas podem simplesmente retornar ligações com o vídeo desligado ou, se for um procedimento corporal, ninguém poderá dizer que fizeram alguma coisa do pescoço para cima."
Tudo de uma vez
Uma das maiores diferenças entre as tendências cosméticas atuais e as anteriores a COVID é o número idas ao consultório que os pacientes estão dispostos a fazer em um curto período de tempo, de acordo com Paul. “As pessoas não estão voltando para fazer tratamentos diferentes, como, 'Ó, farei Botox hoje e laser na próxima semana.'", diz o médico. "Elas estão vindo uma vez só e dizendo: 'Vamos fazer tudo rapidamente. Botox, preenchimento, vamos fazer tudo de uma vez.’”
Nada de micro aplicações
Já que os consultórios estão com capacidade limitada, os médicos estão optando por aplicarem doses normais de Botox, por exemplo, no lugar das microdoses, já que o tempo de manutenção da dose comum é bem menor. “A microdosagem parece uma ótima ideia porque é natural, porém, a dose tem a ver com a longevidade -- quanto mais toxina você usa, mais tempo ela dura”, explica David. "E agora, no estado em que estamos, isso significa que uma pessoa pode precisar vir a cada um ou dois meses, em vez de três a quatro."
Soluções permanentes acima de procedimentos menos invasivos
Com a nova capacidade de camuflar a recuperação durante o trabalho em casa, os médicos estão testemunhando pacientes optarem por se dedicar totalmente a um procedimento cirúrgico mais invasivo para resolverem suas preocupações de forma definitiva.
“A COVID realmente mudou a ideia de soluções não cirúrgicas; as pessoas preferem muito mais fazer a cirurgia completa do que abusar de preenchimentos,” explica David. "Até quando falamos em dinheiro, faz mais sentido apenas fazer apenas a operação, do que investir muito dinheiro em um procedimento que é feito em ciclos e que duram muito tempo”. O médico mostra que, cada vez mais, pessoas que tem certeza do que querem, seja um lifting facial ou uma lipo LAD, preferem fazer tudo de uma vez e apenas uma vez.
fonte: Glamour, escrita por Kaitlyn Clark