Nos últimos anos, os homens têm buscado ainda mais jovialidade, combate às rugas e corpo em forma. A prova de que eles estão aderindo às cirurgias plásticas são os números da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Segundo a entidade, nos últimos cinco anos, subiu de 5% para 30% o número de pacientes do gênero masculino que se submetem a cirurgias estéticas.
Esse resultado foi comprovado também por dados de pesquisa Ibope. No ano passado, das 650 mil cirurgias plásticas realizadas, 104 mil foram em homens. O procedimento mais realizado foi a cirurgia das pálpebras com 19 mil cirurgias, seguido do nariz, com quase 16 mil, e lipoaspiração, com pouco mais de 15 mil.
Segundo o cirurgião plástico, Dr. Alan Landecker, Membro Titular e Especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), uma das motivações é a exigência do próprio mercado de trabalho, que valoriza homens com experiência profissional, mas com aparência revigorada e com orgulho de sua imagem.
E essa é a realidade constatada também no consultório do especialista, que registrou um aumento de 100% na procura de homens por procedimentos estéticos nos últimos cinco anos. “Esse aumento se deu também devido à popularização da cirurgia plástica, além do refinamento das técnicas. Os homens podem, agora, se submeter a determinados procedimentos sem ficarem com aspecto feminino e sem receio de resultados muito aparentes. Eles valorizam alterações sutis e naturais”, explica o especialista.
Qual intervenção cirúrgica é a mais procurada pelos homens?
A rinoplastia para reverter o desvio de septo do nariz é a plástica mais procurada pela ala masculina. “A busca por melhorar a funcionalidade do nariz, prejudicada pelo desvio de septo, é uma porta de entrada dos homens no mundo das cirurgias plásticas. Depois, vem a lipoaspiração do abdômen, uma vez que causa cicatrizes menos aparentes e oferece melhores resultados do que nas mulheres. A pele dos homens é mais grossa, se retrai mais e possibilita melhores contornos com menos flacidez.”
A cirurgia das pálpebras – blefaroplastia – fica em terceiro lugar no ranking masculino no consultório do especialista. Afinal, é comum que após os 40 anos, o homem comece a apresentar bolsas de gordura na região das pálpebras inferiores, o que o deixa com um ar muito cansado e com a aparência pesada podendo, inclusive, causar alterações visuais.
A partir de qual idade os homens procuram por cirurgia plástica?
Diferente das mulheres, que desde novas estão interessadas em mudanças, a maioria dos homens sentem essa necessidade após os 35 anos. Os mais jovens recorrem à cirurgia apenas em casos de desvio de septo no nariz ou em casos de orelhas de abano com foco corretivo e não estético.
A técnica operatória no homem é realizada de forma diferente da mulher? O que deve-se considerar?
Segundo o especialista, as cirurgias plásticas para os homens devem ser mais conservadoras e as feições masculinas precisam ser preservadas. “Deve-se evitar sinais de feminilização como, por exemplo, na rinoplastia deixar o nariz muito fino e pequeno”, pondera. Esse tipo de cirurgia pede narizes mais robustos e imponentes. A base óssea que é a distância entre a junção dos ossos nasais com a face de um lado para o outro deve ser de cerca de 90 a 100% da distância dos olhos.
O ideal é que a base da ponta, que é a distância entre as asas, seja equivalente a mais ou menos um olho de largura. Recomenda-se que o perfil do homem seja reto, às vezes pode ter uma discreta elevação do dorso que dá naturalidade, mas nunca um nariz escavado, uma rampa que traz feminilidade.
Sobre a ponta, por uma questão de perfil característico masculino, deve ser bem projetada cerca de 60 a 70% maior do que a linha imaginária que desce tangencialmente ao lábio superior. Em homens costumamos deixar a rotação da ponta entre 90 e 95 graus em relação aos planos perpendiculares da face.
Como é a recuperação da cirurgia plástica em homens?
O especialista ressalta que em função de características do organismo masculino, a cirurgia plástica tende a ser mais complexa tecnicamente, porque os homens costumam sangrar e inchar um pouco mais. Por isso, a execução da técnica operatória deve ser um pouco diferente em comparação com a mulher, para compensar essa situação. Além disso, por causa do inchaço mais intenso, a recuperação dos homens é um pouco mais demorada.
fonte: GQ, escrita por Gabriel Nunes